O conceito de comunicação proposto pelos estudos da Escola de Palo Alto ultrapassa os limites impostos por uma comunicação entendida apenas como transmissão, opondo-se ao “modelo linear telegráfico”, em voga no período pós-guerra nos EUA. Os integrantes de Palo Alto defendem que “a comunicação desenvolve-se em vários níveis e não apenas do emissor para o receptor, numa relação simétrica” (Borelli, 2005)
Gregory Bateson, precursor da Escola de Palo Alto, a partir de noções como sistema (a compreensão da variedade de inter-relações e suas interacções carece de uma observação/abordagem sistémica) e circularidade (o sistema não funciona de forma linear mas em retroacção) começa a formular uma teoria geral da comunicação.
A escola de Palo Alto fundamenta-se em cinco axiomas:
1.º Não se pode não comunicar;
2.º Toda a comunicação tem um aspecto de conteúdo e um aspecto de relação, tais que o segundo classifica o primeiro e é portanto uma metacomunicação;
3.º A natureza de uma relação está na contingência da pontuação das sequências comunicacionais entre comunicantes;
4.º Os seres humanos comunicam digital e analogicamente. A linguagem digital é uma sintaxe lógica sumamente complexa e poderosa mas carente da adequada semântica no campo das relações, ao passo que a linguagem analógica possui a semântica mas não tem uma sintaxe adequada para a definição não ambígua da natureza das relações;
5.º As permutas comunicacionais são simétricas ou complementares, segundo se baseia na igualdade ou diferença. (Lalanda-Gonçalves, 2008)
Segundo a Escola de Palo Alto “todas as relações comunicacionais são simétricas (rivalidade, competição, minimização das diferenças) ou de complementaridade (solidariedade por maximização das diferenças), conforme se fundamentam na igualdade ou na diferença de papéis”, e a melhor forma de compreender um sistema é “através da análise dos seus padrões de comunicação analógica (…) e digital”. (Costa & Matos, 2007)
A “causalidade circular” – “os acontecimentos relacionam-se de forma interactiva, de tal forma que cada um é simultaneamente causa e efeito do outro”, os “padrões de comunicação”, analógica e digital, (Costa & Matos, 2007), tem que ser alvo de reflexão nos contextos escolares, na medida em que a compreensão destes pode contribuir para a melhoria das relações/interacções e consequentemente do ambiente de trabalho – do processo de ensino e de aprendizagem.
Borelli,V. (2005) "É impossível não comunicar”: reflexões sobre os fundamentos de uma nova comunicação. Diálogospossíveis, 2, 71-84
Costa, E.; Matos, P. (2007). Abordagem sistémica do conflito. Lisboa: Universidade Aberta.
Lalanda-Gonçalves, R. (2008) “A abordagem sistémica qualitativa da comunicação nas organizações: uma perspectiva aplicada”. VI Congresso Português de Sociologia. Mundos Sociais: Saberes e Práticas. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Disponível em http:/www.aps.pt/vicongresso/pdfs/85.pdf. Acedido em Abril de 2011
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