2.2.1- Proposta de intervenção no sistema relacional de Pianta
Pianta (1999), citado em Costa e Matos (2007:86), sugere que compreender “o sistema relacional criança-professor permite a compreensão do sistema relacional na escola” e intervir eficazmente na prevenção e gestão de situações de conflito. Isto é, considerando as componentes primárias da relação professor-aluno – características individuais, representações sobre a relação, processos de troca de informação e influências externas, e as interferências umas nas outras, preconizam uma intervenção no tempo, “tendo em conta as trajectórias desenvolvimentais de todos os elementos que constituem o sistema”, e a promoção do desenvolvimento psicossocial de todos os elementos do sistema, “numa actuação proactiva a diferentes níveis”.
2.2.2- Proposta de Coleman e Deutsch
A proposta de intervenção sistémica no conflito de Colemam e Deutsch, que subentende a escola como um sistema aberto e reconhece a circularidade de influência nos processos inerentes ao conflito, estabelece cinco níveis de abordagem interdependentes: a disciplina, o curriculum, a pedagogia, a cultura escolar e a comunidade.
A proposta de intervenção no sistema disciplina “consiste em programas de mediação entre pares, com formação e supervisão de acompanhamento” e a instituição de centros de mediação.
A intervenção no curriculum prevê a criação de programas de formação no âmbito da gestão de conflitos que incorporem no currículo escolar temas como “compreender o conflito, comunicar, lidar com a fúria, cooperação, assertividade, consciência das diferenças, diversidade cultural, resolução de conflitos e pacificação, variando o seu conteúdo em função das características dos alunos”. (Costa & Matos, 2007:91-92)
Ao nível da pedagogia defendem o uso de duas estratégias de ensino: a “controvérsia nas disciplinas regulares” e a aprendizagem cooperativa, proposta dos irmãos Johnson que assenta em cinco elementos chave, referidos em Costa e Matos (2007:94) - “interdependência positiva, interacção face a face, responsabilidade individual, competências interpessoais e de pequeno grupo, e processamento ou análise do funcionamento dos grupos de aprendizagem” (reflexão/avaliação).
No âmbito da cultura escolar a intervenção passa por apostar na formação de adultos, nomeadamente no desenvolvimento de competências de negociação colaborativa e na reestruturação do sistema de gestão de conflitos dos adultos.
Por último apontam uma intervenção na comunidade alargada através da criação de parcerias, da instituição de processos colaborativos de resolução construtiva de conflitos.
COSTA, M. E. & MATOS, P. M. (2007). Abordagem Sistémica do conflito. Lisboa: Universidade Aberta.